25 maio 2016

Ana & Miguel - Capítulo IV

Era uma manhã fria de Domingo, Miguel havia acordado mais cedo para preparar o café. Assim que terminou de arrumar a mesa, sua mãe apareceu. - Bom dia, filho. Que mesa linda! – sorriu. Ela tinha um sorriso bonito, deveria sorrir mais, mas dadas ás circunstâncias isso não acontecia muito. - Como o pai está? – colocou um pouco de café para si e para a mãe e sentou-se.
- Ah... – suspirou, o olhar perdido na xícara – está estável, por enquanto. Os médicos disseram que temos que viver um dia após o outro. O pai de Miguel estava internado desde que sofreu um ataque cardíaco. Após primeiro ataque, havia ficado fraco e necessitava de cuidados, depois de outro, sua saúde já não era mais a mesma.
- Ele vai melhorar em breve, mãe. Tomaram café da manhã, Miguel sempre tentando distrair a mãe com os mais variados assuntos e fazendo piadas sem graça (mas que só ela e Ana ririam).

A manhã passou rápido, como um sopro de vento. Miguel resolveu ir até a casa de Ana, era um pouco longe, mas uma caminhada iria fazê-lo bem. Pegou o caminho da orla, no porto; a brisa do mar acariciava o rosto e o restinho do sol da manhã o esquentava no tempo frio. Amava a cidade em que morava e se entristecia em pensar que em alguns meses ia se formar e ter que ir para a faculdade. Só de pensar em ficar longe da sua casa e de Ana, ficava triste. Desejava coloca-los na mala e levar junto de para não ter que sofrer com a saudade. Logo que chegou, avistou o pai de Ana mexendo em algo no carro, as mãos e a camisa branca estavam sujas de graxa e a barriga um pouco saliente fugia pela borda da camiseta.

- Boa tarde! Como o senhor está?
- Ô meu jovem! Quanto tempo! Só não vou te abraçar porque vou te sujar todo! – riu e deu batidinhas no ombro de Miguel com a mão que não estava tão suja. Sujou um pouquinho sim, mas não se importou. Afinal, o pai de Ana era o cara mais gente boa e decente que já conhecera. – A Ana tá lá em cima, naquele treco, o notebook. Não sei porque fui dar essa coisa pra ela, agora tá viciada. Miguel riu e se despediu, indo em direção á casa.

- Toc toc – disse, sorrindo parado em frente ao quarto. – Sério que vai ficar assim o dia todo?! – brincou. Ela estava encantadoramente de pijamas com estampa de patinhos e corações, o cabelo um pouco bagunçado e com uma xícara de café nas mãos. Dava para perceber que estava bem quente por causa do vapor.
- Eu tô simplesmente viciada nessa série! Sério! Eu poderia passar a minha vida assistindo! - Qual é? - CSI! Cara, eu acho que já sei qual profissão vou seguir! Vou ser policial forense! Vou ir pra Nova Iorque e... – parou e Miguel percebeu que ela se lembrou da mãe em Nova Iorque – esquece! O que vamos fazer hoje?
- Hum... Eu tava pensando em ir ver meu pai no hospital. Queria que viesse comigo.
- Eu vou. – suspirou – Ele vai ficar bem, Anjo. – e bagunçou seu cabelo – ele é um cara forte.
- Eu sei. Vou esperar lá embaixo. Vê se não demora muita, ô senhora futura policial forense.

Passou pelo corredor e parou numa mesinha de vidro que tinham vários retratos. Ana aparecia na maioria deles, bebê, criança, pré-adolescente com aparelho (Miguel se lembrava dessa época), alguns dela e do pai e um único, praticamente escondido, da mãe. Ana parecia um pouco com ela, tinha os olhos e a cor de cabelo, um tom de castanho escuro, quase preto. - Vamos! – ela disse. Ele passou a mão pelos ombros dela e seguiram.

Miguel sentia um aperto no coração; odiava ver o pai no estado em que estava, mas sentia sua falta.


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